Placa em marfim, de formato retangular esculpida em baixo relevo e rematada por moldura estreita e lisa. Toda a composição, é uma alusão directa à lenda divulgada no final do século XV, que narra o transporte milagroso que os anjos fizeram, levando a casa habitada pela Virgem em Nazaré, primeiro para Tersatto na Dalmácia e finalmente para o Loreto, no sul de Itália, na costa Adriática (a Terra Santa encontrava-se ocupada pelos turcos).
É de realçar nesta peça a ternura da mãe e do filho, pois a criança apoia a face na da sua mãe. Após as virgens em majestade que dominaram a arte gótica no ocidente, sucede um tipo de virgem mais humana que não se contenta em servir de trono ao menino ou de o apresentar à adoração dos fiéis, mas que é uma verdadeira mãe, representação que a aproximará dos crentes. Esta placa atesta bem o papel evangelizador que a gravura detinha nesta época, pois era sobretudo através de estampas avulsas, devocionários e catecismos, que se reproduziram desde muito cedo, em diversos materiais, imagens para o culto e missionação nas mais longínquas paragens.