Este São João Baptista foi definido como sendo das pinturas que melhor justifica o argumento que faz de Vasco Fernandes um alegado pintor plebeísta pelos traços que imprime às suas personagens. Estas características são determinadas, segundo a citada autora, pelo rosto forte, a rudez da fisionomia e pelas carnações da figura espelhando, evidentemente, as personagens do meio onde o pintor trabalhou.
Vasco Fernandes operava neste período um verdadeiro processo de pesquisa, onde os efeitos lumínicos eram o centro das suas preocupações. Na pintura de São João Baptista, os diferentes planos da composição são estruturados por uma subtil relação entre a cor e a luz. Este São João Baptista foi comprado pelo Dr. Abel de Lacerda à Sr.ª D. Maria da Glória Machado de Pinho Teles, e andava em conjunto com a tábua do Santo António (colecção particular no Caramulo). Os dois pertenceram antes à Igreja de Santiago de Besteiros e deverá ser a elas que se refere Bernardo Botelho de Magalhães quando, no século XVIII foi enviado de Lisboa a esta paróquia, referindo-as da seguinte forma: “pintura (...) notável e do nosso Grande Portuguez e famoso Pintor Gram Vasque.”