A tela representando Vertumno e Pomona fazia parte do complexo programa iconográfico com mais de cem cenas das Metamorfoses de Ovídio que ornamentavam a Torre de la Parada, um pavilhão de caça do palácio del Pardo.
Deve-se a Rubens a concepção geral do programa mitológico de La Parada, mas muitas das obras finais deste programa não são do pincel do mestre. Para o quadro do Caramulo existe um desenho preparatório da mão de Rubens que se conserva hoje no Museu do Prado, em Madrid. Do cotejo que se pode estabelecer entre as duas obras verifica-se que Jordaens não seguiu completamente as directrizes de Rubens. O pintor do quadro do Caramulo imprimiu marcas características, nomeadamente a nível das figuras, alterando ainda outros pormenores. A perna esquerda de Pomona, que se encontrava escondida de baixo de uma forte camada de betume, foi recentemente resgatada pelos trabalhos de restauro a que a pintura foi submetida.
Para o desenho deste episódio mitológico Rubens inspirou-se no texto das Metamorfoses de Ovídio e seguiu em boa medida algumas gravuras que ilustram o livro. Ao contrário das gravuras, onde Vertumno ainda aparece disfarçado de velha para se poder aproximar de Pomona, no estudo de Rubens já surge descoberto, revelando ser um garboso rapaz. A ninfa da renovação das estações do ano é rodeada no desenho de Rubens de todos os seus atributos. Tal como no texto de Ovídio, ela segura uma foice e senta-se na proximidade de uma videira, símbolo da renovação e transformação da natureza, enrolando-se num ulmeiro - como símbolo da união do amor verdadeiro. Ainda assim Pomona repudia-o, empurrando-lhe o peito.