Pioneiro do Abstraccionismo escultórico em Portugal, com produção, já em 1948, de peças biomórficas e eroticizantes em terracota de sugestão surrealista, Jorge Vieira foi o mais relevante escultor dos anos 50 entre nós.
A presente escultura figura, através de uma axialidade evidente, uma criatura de cabeça desmesurada, numa oval filiforme e bipartida onde se detectam os traços antropomorfizantes dos olhos minúsculos, do longo nariz e da boca fechada e inexpressiva. Contrastando com tal estilização primitivista, destacam-se também axialmente duas pernas maciças que suportam a peça, num tratamento formal diverso que reforça os signos do humano sem deixar de penetrar humoristicamente pelo domínio do fantástico.